Aujatz de chan com enans'e meillura

- Marcabru -


Marcabru, por seu puro entendimento, escreve um poema sobre a quebra da juventude e a vitória do mal sobre o bem na sociedade nobre. Ele também finaliza duvidando da virtude do Rei Afonso II, mas pede que Deus o esclareça sobre isso.

(1)
Aujatz de chan com enans'e meillura,
E Marcabrus, segon s'entensa pura,
Sap la razon e·l vers lassar e faire
Si que autr' om no l'en pot un mot traire.

(2)
Per so sospir car mouta gens ahura
De malvestat c'ades creis e pejura!
So m'en somon que sia guerrejaire,
C'a lieis sap bo qan m'au cridar e braire.

(3)
Li sordeior an del dar l'aventura
E li meillor badon ves la penchura!
La retraissos fai trist e sospiraire
C'a rebuzos fant li ric lor afaire.

(4)
No·i a conort en Joven, mas trop fura,
Ni contra mort ressort ni cobertura,
Qu'ist acrupit l'an gitat de son aire
E de cami, per colpa de la maire.

(5)
Qui per aver pert vergonh' e mezura
E giet' honor e valor a non cura
Segon faisson es del semblan confraire
A l'erisson et al gos et al laire.

(6)
Proeza·s franh et avoleza·s mura
E no vol Joi cuillir dinz sa clauzura!
Dreit ni razon no vei mantener gaire
Quan per aver es uns gartz emperaire.

(7)
Coms de Peitieus, vostre Pretz s'assegura
Et d'en Anfos de sai, si gair' ill dura,
Car Avignon e Proenssa e Belcaire
Te miels per sieu no fes Tolzan sos paire.

(8)
S'aquest n'Anfos fai contenensa pura
Ni envas mi fai semblan de frachura,
Lai vas Leo en sai un de bon aire
Franc de razo, cortes e larc donaire.

(9)
De Malvestat los gart Sanct' Escriptura,
Que no lur fassa cafloquet ni peintura!
Sel qu'es e fo regom recx e salvaire
La sospeiso del rei n'Anfos m'esclaire.

Tradução

(1)
Ouça como a canção progride e melhora,
E Marcabru, segundo seu puro entendimento,
Sabe como tecer a razão e o verso
Que assim nenhum outro possa mudar uma palavra.

(2)
Mas eu suspiro pois muita gente se alegra
Pela maldade que cresce e piora!
Isso me incita a ser guerreador,
Pois ela acha bom me ouvir gritar e bradar.

(3)
O pior tem boa sorte em presentes
E o melhor calado ante a falsa pintura.
A história me faz suspirar e entristecer,
Pois o rico faz seu negócio de maneira errada.

(4)
Não há esperança na Juventude, que rápido rouba,
Nem para a morte há apelo nem defesa,
Pois estes covardes jogaram fora a Juventude,
E do caminho, por culpa da mãe.

(5)
Quem perde vergonha e moderação por dinheiro
E não se preoucupa com honra nem valor,
Segundo seu semblante confraterniza
Com os ouriços, cães e ladrões.

(6)
Proeza quebra e covardia se fortalece
E não quer acolher Alegria em sua clausura!
Não vejo direito nem razão mantidas,
Quando por dinheiro, um servo é Imperador.

(7)
Conde de Peiteus, vossa Virtude é assegurada,
Assim como o de Afonso, se ele durar,
Pois ele mantém Avinhão, Provença e Beaucaire
Melhor que seu pai quando segurava Tolosa.

(8)
Se este Afonso me der boas vindas
E me mostrar seu lado mesquinho,
Lá, rumo a Léon, conheço um de boa classe,
Franco de razão, cortês e generoso em presentear.

(9)
Que a Santa Escritura afaste a maldade
Para que ela não os penteie e pinte assim!
Que aquele que é e foi Rei e salvador de reis
Esclareça-me sobre o que devo esperar do Rei Afonso.

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