Bel m'es quan son li fruich madur

- Marcabru -


Marcabru novamente faz um ataque ao amor, junto com as falsas amizades.

(1)
Bel m'es quan son li fruich madur
E reverdejon li gaim,
E l'auzeill, per lo temps escur,
Baisson de lor votz lo refrim,
Tant redopton la tenebror!
E mos coratges s'enansa,
Qu'ieu chant per joi de fin' Amor
E vei ma bon' esperansa.

(2)
Fals amic, amador tafur,
Baisson Amor e levo·l crim,
E no·us cuidetz c'Amors pejur,
C'atrestant val cum fetz al prim!
Totz temps fon de fina color,
Et ancse d'una semblansa!
Nuills hom non sap de sa valor
La fin ni la comensansa.

(3)
Qui·s vol si creza fol agur,
Sol Dieus mi gart de revolim
Qu'en aital Amor m'aventur
On non a engan ni refrim!
Qu'estiu et invern e pascor
Estau en grand alegransa,
Et estaria en major
Ab un pauc de seguransa.

(4)
Ja non creirai, qui que m'o jur,
Que vins non iesca de razim,
Et hom per Amor no meillur!
C'anc un pejurar non auzim,
Qu'ieu vaill lo mais per la meillor,
Empero si·m n'ai doptansa,
Qu'ieu no·m n'aus vanar, de paor
De so don ai m'esperansa.

(5)
Greu er ja que fols desnatur,
Et a follejar non recim
E folla que no·is desmesur!
E mals albres de mal noirim,
De mala brancha mala flor
E fruitz de mala pensansa
Revert al mal outra'l pejor,
Lai on Jois non a sobransa.

(6)
Que l'Amistats d'estraing atur
Falsa del lignatge Caim
Que met los sieus a mal ahur,
Car non tem anta ni blastim,
Los trai d'amar ab sa doussor,
Met lo fol en tal erransa
Qu'el non remanria ab lor
Qui·l donavan tota Fransa.

Tradução

(1)
Me é belo quando as frutas estão maduras
E o campo se torna verde de novo,
E os pássaros, pela temporada escura,
Abaixam o canto de suas vozes,
Tanto temem a escuridão!
E minha coragem se exalta,
Porque canto pela alegra do Fino Amor
E vejo minha boa esperança.

(2)
Falsos amigos, amantes malignos,
Diminuem o amor e levantam crime,
E não penso que o amor piora,
Pois vale tanto quanto era no começo!
Todo o tempo foi de uma só cor,
E de uma constante aparência!
Nenhum homem sabe do seu valor,
O fim, nem o começo.

(3)
Aquele que acredita em tolo augúrio:
Deus apenas evita que eu mude minha mente
Porque me aventuro em tal amor
Onde não há enganação nem problema.
Porque no verão, inverno e páscoa
Estou em grande alegria
E estaria melhor ainda
Com um pouco de segurança.

(4)
Jamais acreditaria, quem quer me jure,
Que vinho não vem das uvas
E que homem pelo amor não melhora,
Pois nunca ouvi um piorar,
Que eu valho mais pela melhor,
Mas tenho dúvidas disso,
Porque não vou gabar, por medo,
Daquilo que tenho minha esperança.

(5)
É difícil para um tolo desnaturar
E não voltar a cometer tolices,
E para uma tola não ser imprudente!
E más árvores de mal cuidado,
De mal ramo, má flor,
E fruta do mal pensamento
volta ao mal, se não pior,
Lá onde Alegria não é soberana.

(6)
Porque das amizades de estranhas ligações
Da falsa linhagem de Caim
Arrasta-os para a miséria,
Pois não teme vergonha nem culpa.
Os atrai do amor com sua doçura,
Coloca o tolo em tal confusão
Que ele não ficaria com eles
Que dariam toda a França.

Mensagens populares deste blogue