D'aisso laus Dieu

- Marcabru -


Poema escrito pelo trovador Marcabru.
É um Sirventes, Marcabru dá conselhos e se mostra com um ego bem alto.

(1)
D'aisso laus Dieu
E saint Andrieu
C'om non es de major albir
Qu'ieu sui, so·m cuig,
E no·n fatz bruig
E volrai vos lo per que dir.

(2)
C'assatz es lait,
S'intratz en plait
Don non sabretz a lutz issir!
E non es bo
Digatz razo
Si non la sabetz defenir.

(3)
De gignos sens
Sui si manens
Que mout sui greus ad escarnir,
Lo pan del fol
Caudet e mol
Manduc e lais lo mieu frezir.

(4)
Tant quant li dur,
Li pliu e·il jur
C'om no·m puosca de lui partir!
E quan li faill
Mus e badaill
E prenda del mieu lo dezir.

(5)
Qu'ieu jutg'a drei
Que fols follei
E'l savis si gart al partir!
Qu'a dobl'es fatz
E dessenatz
Qui·s laiss'a fol enfolletir.

(6)
D'estoc breto
Ni de basto
No sab om plus ni d'escrimir!
Qu'ieu fier autrui
E·m gart de lui
E no·is sap del mieu colp cobrir.

(7)
En l'autrui broill
Chatz cora·m voill
E·i fatz mos dos canetz glatir!
E·l tertz s'ahus
Eis de rahus
Bautz et aficatz per ferir.

(8)
Mos alos es
En tal deves
Res mas ieu non s'en pot jauzir,
Aissi l'ai claus
De pens navaus
Que nuills no lo·m pot envazir.

(9)
De pluzors sens
Sui ples e prens
De cent colors per mieills chauzir!
Fog porti sai
Et aigua lai,
Ab que sai la flam' escantir.

(10)
Cascuns si gart,
C'ab aital art
M'er a viure o a morir!
Qu'ieu sui l'auzels
C'als estornels
Fatz los mieus auzellos noirir.

Tradução

(1)
Eu agradeço a Deus
E Santo André,
Que ninguém tenha mais razão
Que eu, penso.
Eu não discuto:
Eu quero dizer o porquê digo isso.

(2)
Pois é feio
Entrar em discussão
No qual você não pode iluminar sobre, (explicar o assunto)
E não é bom
Dizer algo
Se não sabe bem definir.

(3)
Com esperteza
Sou tão dotado
Que sou difícil de ser enganado.
O pão do tolo,
Quente e mole,
Eu como, e deixo o meu esfriar.

(4)
Enquanto durar,
Eu juro e imploro
Que nada pode tirar ele de mim.
Mas quando acabar,
Deixe-o boquiaberto, maravilhado
E ansioso pelo meu.

(5)
Pois eu julgo corretamente,
Que se o tolo age tolamente,
O sábio deve se atentar imediatamente,
Pois é duplamente louco
E sem sentido,
Que ele se deixe transformar em um tolo graças ao tolo.

(6)
Do estoque bretão,
Ao bastão,
Ou mesmo a esgrima, não importa.
Pois eu acerto os outros
E evito seus golpes,
E ele não sabe se proteger dos meus.

(7)
No bosque dos outros,
Eu caço quando quero
E faço meus dois cães latirem,
E o terceiro cão de caça
Salta para frente
Forte e pronto para ferir.

(8)
Meu feudo é
Tão bem defendido,
Que mais ninguém pode aproveitar,
Eu o selei
Com pensamentos dissimulados,
E por isso ninguém pode invadir.

(9)
De muitos truques
Eu domino e tenho
De centenas de cores para escolher,
Fogo porto aqui,
E água ali,
Com a qual posso apagar a chama.

(10)
Tenham cuidados todos,
Pois com tal arte,
Tenho que viver ou morrer!
Pois sou o pássaro
Que dos estorninhos
Faço meus filhotes se alimentarem.

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