Eras quan vey verdeyar

- Raimbaut de Vaqueiras -


   Poema genial multilíngue escrito pelo trovador Raimbaut de Vaqueiras, é um Descort romântico.
Uma obra fantástica escrita em 5 linguagens diferentes, são elas: occitano, italiano, francês, gascão e galego.

(1)
Eras quan vey verdeyar
Pratz e vergiers e boscatges,
Vuelh un descort comensar
D'amor, per qu'ieu vauc aratges;
Q'una dona.m sol amar,
Mas camjatz l'es sos coratges,
Per qu'ieu fauc dezacordar
Los motz e.ls sos e.ls lenguatges.

(2)
Io son quel que ben non aio
Ni jamai non l'averò,
Ni per april ni per maio,
Si per ma donna non l'o;
Certo que en so lengaio
Sa gran beutà dir non sò,
çhu fresca qe flor de glaio,
Per qe no m'en partirò.

(3)
Belle douce dame chiere,
A vos mi doin e m'otroi;
Je n'avrai mes joi' entiere
Si je n'ai vos e vos moi.
Mot estes male guerriere
Si je muer per bone foi;
Mes ja per nulle maniere
No.m partrai de vostre loi.

(4)
Dauna, io mi rent a bos,
Coar sotz la mes bon' e bera
Q'anc fos, e gaillard' e pros,
Ab que no.m hossetz tan hera.
Mout abetz beras haisos
E color hresc' e noera.
Boste son, e si.bs agos
No.m destrengora hiera.

(5)
Mas tan temo vostro preito,
Todo.n son escarmentado.
Por vos ei pen' e maltreito
E meo corpo lazerado:
La noit, can jatz en meu leito,
So mochas vetz resperado;
E car nonca m'aprofeito
Falid' ei en mon cuidado.

(6)
Belhs Cavaliers, tant es car
Lo vostr' onratz senhoratges
Que cada jorno m'esglaio.
Oi me lasso que farò
Si sele que j'ai plus chiere
Me tue, ne sai por quoi?
Ma dauna, he que dey bos
Ni peu cap santa Quitera,
Mon corasso m'avetz treito
E mot gen favlan furtado.

Tradução

(1)
Agora que vejo verdejar
Gramados, jardins e bosques,
Quero um descort começar,
Sobre amor, pelo qual estou perturbado;
Por uma dama que costumava me amar,
Mas seu coração mudou,
Por isso quero fazer discórdia
Nas palavras, no som e nas linguagens.

(2)
Eu sou aquele que não tem nada de bom,
Nem jamais terei,
Nem em abril ou maio,
A não ser através de minha dama;
Certo que em sua linguagem
Sua grande beleza não sei dizer.
Mais fresca que uma flor de gladiolus,
Pela qual não desisto.

(3)
Bela, doce dama querida,
A ti dou e me entrego,
Eu não terei toda minha alegria,
Se eu não tiver você e você a mim.
És a mais terrível guerreira
Se eu morrer pela boa fé;
Mas de nenhuma maneira,
Vou partir de seu domínio.

(4)
Dama, eu me rendo a ti,
Pois é a mais bela e verdadeira
Que já houve, alegre e valente,
Se você apenas não fosse tão cruel.
As mais belas são suas características,
E a cor fresca e viva.
Eu sou seu, e se eu tivesse você,
Nada mais me faltaria.

(5)
Mas temo tanto vossa ira,
Que estou todo desesperado,
Por você eu tenho cansado e me torturado,
E meu corpo está esgotado:
À noite, quando deito em meu leito,
Muitas vezes sou acordado,
E por eu não ter proveito,
Eu falhei em meu cuidado.


(6)
Belo cavaleiro, tão precioso é
O vosso honrado senhorio,
Que todo dia me desespero.
Ai de mim! O que devo fazer
Se aquela que tenho como mais querida
Me mata, sem eu saber o por quê?
Minha dama, por minha fé em ti
E pela cabeça de Santa Quitéria,
Meu coração foi levado
E furtado por sua doce conversa.

Mensagens populares deste blogue