Lo plaing comenz iradamen

- Cercamon -


Poema de lamento (planh) escrito pelo trovador occitano Cercamon, o lamentado aqui por Cercamon é Guilherme X da Aquitânia.

(1)
Lo plaing comenz iradamen
D'un vers don hai lo cor dolen;
Ir' e dolor e marrimen
Ai, car vei abaissar Joven:
Malvestatz puej' e Jois dissen
Despois muric lo Peitavis.

(2)
Remazut son li prez e·ill lau
Qi solon issir de Peitau.
Ai! com lo plagno li Barrau.
Peza·m s'a longas sai estau.
Segner, lo baro q'ieu mentau
Metetz, si·us platz, em paradis!

(3)
Del comte de Peitieu mi plaing
Q'era de Proeza compaing;
Despos Pretz et Donars soffraing,
Peza·m s'a lonjas sai remaing.
Segner, d'efern lo faitz estraing,
Qe molt per fon genta sa fis.

(4)
Glorios Dieus, a vos me clam,
Car mi toletz aqels qu'ieu am;
Aissi com vos formetz Adam,
Lo defendetz del fel liam
Del foc d'efern, qe non l'aflam,
Q'aqest segles nos escharnis.

(5)
Aqest segle teing per enic
Qe·l paubre non aten ni·l ric.
Ai! com s'en van tuit mei amic,
E sai remanem tuit mendic.
Pero sai ben q'al ver afic
Seran li mal dels bos devis.

(6)
Gasco cortes, nominatiu,
Perdut avez lo segnoriu,
Fer vos deu esser et esqiu,
Don Jovenz se clama chaitiu,
Qar un non troba on s'aiziu,
Mas qan n'Anfos, q'a joi conquis.

(7)
Plagnen lo Norman e Franceis,
E deu lo be plagner lo reis
Cui el laisset la terr' e·l creis;
Pos aitan grans honors li creis,
Mal l'estara si non pareis
Chivauchan sobre Serrazis.

(8)
Aqil n'an joja, cui que pes,
De Limozi e d'Engolmes;
Si el visques ni Deu plagues,
El los agra dese conqes;
Estort en son car Dieus lo pres,
E·l dols n'es intratz en Aunis.

(9)
Lo plainz es de bona razo
Qe Cercamonz tramet n'Eblo.
Ai! com lo plaigno li Gasco,
Cil d'Espaign' e cil d'Arago.
Sant Jacme, membre·us del baro
Que denant vos jai pelegris.

Tradução

(1)
O lamente começo tristemente
Em um verso que dói meu coração,
Tristeza, dor e espanto,
Leve-me, pois vejo a juventude degradada,
A malícia aumenta e a alegria diminui,
Desde que o Poitevino morreu.

(2)
Emperrados estão os atos dignos e honrados
Que costumavam vir de Poitou.
Ai! Como Barrois sente falta dele!
Pesa em mim, se muito eu tiver que viver,
Senhor, o barão que eu menciono,
Coloque-o, por favor, no céu!

(3)
O Conde de Poitiers eu lamento,
Que era companheiro da valentia;
Já que o valor e generosidade não existem mais,
Me entristeço se fico muito aqui.
Senhor, afaste-o do inferno,
Pois seu fim foi muito nobre.

(4)
Glorioso Deus, a ti eu protesto,
Pois levas embora aqueles que eu amo;
Assim como tu formaste Adão,
Proteja-o dos laços do mal
Do fogo do inferno, não deixe-o queimar,
Pois este mundo nos engana.

(5)
Este mundo considero como odioso,
Pois não agrada os pobres nem os ricos,
Ai de mim! Como todos os meus amigos partiram,
Nos deixando miseráveis aqui.
Mas eu sei bem que no fim do mundo,
Os maus serão separados dos bons.

(6)
Gentis, renomados Gascões,
Vocês perderam seu domínio,
Vocês devem achar difícil e cruel:
A juventude se autodenomina miserável,
Pois não pode mais encontrar abrigo para ninguém,
Exceto por Sir Anphos, que conquistou a alegria.

(7)
Os normandos e franceses lamentam por ele,
O rei deveria também fazer isso
A quem ele deixa sua terra e herdeiro;
Já que sua honra aumenta,
Mal será culpado se não mostrar
Cavalgando contra os sarracenos.

(8)
Quem estiver feliz, aqueles aflitos,
De Limusino e de Angoumois:
Se ele tivesse vivido e Deus permanecido,
Ele os teria conquistado,
Ele estão libertos porque Deus os levou,
E o luto chegou em Aunis.

(9)
O lamento que Cercamon envia
Para Sir Eble é um assunto nobre.
Ai! Como o Gascão lamenta por ele,
Com aqueles da Espanha e Aragão!
São Tiago, lembre-se do barão
Que estava diante de ti como peregrino.

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