Lo Vers comens

- Marcabru -


Mais um dos poemas morais de Marcabru. Aqui ele foca em virtudes e heroísmo.

(1)
Lo vers comens quan vei del fau
Ses foilla lo cim e·l branquill,
C'om d'auzel ni raina non au
Chan ni grondill,
Ni fara jusqu'al temps soau
Qu·el nais brondill.

(2)
E segon trobar naturau
Port la peir' e l'esc' e'l fozill,
Mas menut trobador bergau
Entrebesquill,
Mi tornon mon chant en badau
En fant gratill.

(3)
Pretz es vengutz d'amont aval
E casegutz en l'escobill,
Puois avers fai Roma venau,
Ben cuig que cill
Non jauziran, qui·n son colpau
D'aquest perill.

(4)
Avoleza porta la clau
E geta Proez' en issill!
Greu parejaran mais igau
Paire ni fill!
Que non aug dir, fors en Peitau,
C'om s'en atill.

(5)
Li plus d'aquest segle carnau
Ant tornat joven a nuill,
Qu'ieu non trob, de que molt m'es mau,
Qui maestrill
Cortesia ab cor leiau,
Que noi·s ranquill.

(6)
Passat ant lo saut vergondau
Ab semblan d'usatge captill!
Tot cant que donant fant sensau,
Plen de grondill,
E non prezon blasme ni lau
Un gran de mill.

(7)
Cel prophetizet ben e mau
Que ditz c'om iri' en becill,
Seigner sers e sers seignorau,
E si fant ill,
Que·i ant fait li buzat d'Anjau,
Cal desmerill.

(8)
Si amars a amic corau,
Miga nonca m'en meravill
S'il se fai semblar bestiau
Al departill,
Greu veiretz ja joc comunau
Al pelacill.

(9)
Marcabrus ditz que noil l'en cau,
Qui quer ben lo vers e·l foill
Que no·i pot hom trobar a frau
Mot de roill!
Intrar pot hom de lonc jornau
En breu doill.

Tradução

(1)
Os versos começam quando vejo a faia
Sem folhas no topo e nos galhos,
Quando não mais se ouve o pássaro e o sapo
Cantando ou coaxando,
E nem vão, até a gentil temporada,
Quando o ramo brotar.

(2)
E segundo o trovar natural,
Porto a pedra, a acendalha e a caixa,
Mas trovadores menores, vespas,
Interferem
E tornam meu canto em piada
E fazem graça.

(3)
A virtude desceu de cima para baixo
E caiu na imundície.
Pois dinheiro faz Roma venal,
Bem penso que esses
Não se alegrarão, que são culpados
Deste perigo.

(4)
A vilania porta a chave
E joga a Proeza em exílio.
Dificilmente achará, como iguais,
Pais e filhos!
Porque não ouço dizer, fora de Poitou,
Como se cultiva (proeza).

(5)
A maioria, neste mundo carnal,
Se voltaram a desprezar a juventude.
Porque eu não encontro, o que me deixa mal,
Alguém que domina
Cortesia com coração leal,
Que não vacila.

(6)
Fizeram um salto vergonhoso
Com semblante de hábito de captivo.
Tudo que doam querem taxar,
Cheios de reclamações,
E não valorizam culpa ou glória,
Um grão de milhete.

(7)
Aquele profetiza bem e mal,
Que disse como se arrevesaria,
Senhor servo e Servo senhoril:
E assim fazem;
Que os urubus de Anjou fizeram.
Quanta decadência!

(8)
Se o amar tem um amigo leal,
Não fico maravilhado
Se ele parecer bestial
Ao partir.
Dificilmente verá jogo justo
No pelacill.

(9)
Marcabru diz que não se importa
Se alguém quiser examinar seu verso,
Porque nenhum homem pode encontrar uma falsa
Palavra para manchá-lo!
Um homem pode colher depois de um longo dia
Em um breve momento.

Explicações:

Estrofe 1:
Marcabru abre o poema com um contemplação irônica da natureza, enquanto os outros
gostam do verão, devido ao seus verdes, Marcabru prefere a quietude do Inverno. A razão é que Marcabru considera o Verão como símbolo de lúxuria e paixão. Qualquer poema em que Marcabru demonstra gostar do verão é recheado de ironia.


Estrofe 2:
O estilo de poesia de Marcabru é associado como "Trovar Natural", tanto pelo próprio, quanto por
outros trovadores. O objeto que Marcabru carrega é um "tinderbox".


Estrofe 3:
Essa estrofe é uma crítica a Roma sobre a coroação de Lotário III como Sacro Imperador. Marcabru complementa que eles se arrependerão.


Estrofe 4:
Marcabru diz que a maldade lidera o reino e joga a Proeza (heroísmo) em exílio. Depois ele se refere como os pais não ensinam seus filhos sobre a Proeza.


Estrofe 5:
Ele está dizendo que não encontra alguém digno.


Estrofe 6:
Não sei a quem é destinada essa crítica.


Estrofe 7:
Aqui ele diz que os papéis estão virados de cabeça para baixo, muitos senhores têm atitudes de servo, enquanto camponeses têm atitudes heróicas.


Estrofe 8:
Refere-se ao ato de amar. Pelaccil é (aparentemente) um jogo medieval occitano que envolvia sorte.


Estrofe 9:
Ele finaliza dizendo que não dá a mínima se alguém quiser procurar uma mentira em seus poemas.
Este dois últimos versos são super complicados, fiz o possível pela minha interpretação.

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